No Dia do Rap Nacional, g1 ouviu especialistas e artistas para explicar o fenômeno. Para especialistas, números mostram cenário de resistência e luta na cidade que é considerada a última a abolir a escrivão no Brasil.
Por Fernando Almeida*, g1 Campinas e Região
“Batida, rima, DJ e um bom flow, quatro integrantes clássicos, que nem os Beatles”: é assim que o rapper Rincon Sapiência, na música “Linhas de Soco”, define o ritmo comemorado nacionalmente neste domingo (6).
Para celebrar a data, uma plataforma de streaming divulgou os números do rap brasileiro entre ouvintes nacionais e internacionais. Polo do Hip-Hop desde os anos 80, Campinas (SP) figura como a quarta cidade que mais escuta o gênero no Brasil, atrás apenas das capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (veja abaixo).
Cidades que mais ouvem rap no Brasil
1ª | São Paulo |
2ª | Rio de Janeiro |
3ª | Belo Horizonte |
4ª | Campinas |
5ª | Porto Alegre |
6ª | Curitiba |
7ª | Brasília |
8ª | Fortaleza |
9ª | Salvador |
10ª | Goiânia |
No maior município do interior paulista, a música vai muito além dos fones de ouvido. O Hip-Hop, movimento que deu origem o rap há cinco décadas, está entrelaçado ao crescimento e à cultura urbana da cidade desde a sua chegada.
O campineiro Ciro do Hip-Hop é rapper, ativista e foi membro do primeiro conselho municipal de Hip-Hop do Brasil, formado em Campinas em 2004. Ele explica que, como um movimento cultural de origem negra, o Hip-Hop atende a uma demanda social latente na cidade que é considerada a última do Brasil a abolir a escravidão.
“Entender por que o rap é tão forte na cidade de Campinas é entender o contexto da cidade. Uma cidade do interior com um ritmo de metrópole, de capital, mas que nunca acessou, por diversos motivos, fatores políticos e de saúde. Esse contexto todo da sua população preta emerge a partir da sua cultura”, analisa Ciro.
Para os especialistas, a ligação da cidade com o ritmo está diretamente relacionada à formação geográfica e sociocultural da metrópole. Jaqueline Lima Santos, doutora em antropologia social pela Unicamp e pesquisadora do Hip-Hop, explica que o rap surge, principalmente, como uma resposta política na cidade.
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FOTO: Ciro do Hip-Hop é rapper e ativista desde a década de 80 — Foto: Reprodução / Instagram