No calçadão entre as praias do Arpoador e do Diabo, espaço tem equipamentos rústicos, geridos por usuários; ‘filial’ no Aterro do Flamengo é com vista para o Pão de Açúcar. ‘Academia dos Flintstones’ ganhou apelidos que brincam com redes do país.
Por Gustavo Wanderley e Matheus Rodrigues, g1 Rio
Na orla onde o metro quadrado é um dos mais caros do país, cariocas e turistas malham de graça, ao ar livre e ouvindo o barulho do mar.
Com halteres e equipamentos feitos de concreto e sucata, a Arpex Academia???????? – mais conhecida como “Academia dos Flintstones”???? – funciona 24 horas por dia, tem mensalidade de R$ 0 e uma das mais lindas vistas do Rio de Janeiro: à beira-mar, no calçadão entre as praias do Arpoador e do Diabo ????, na Zona Sul.
O apelido inicial, em homenagem ao desenho animado que se passa na Idade da Pedra, recentemente ganhou derivações bem-humoradas, que brincam com o nome de grandes redes de academia do país.
“A galera brinca, né? É a Academia dos Flintstones, é a BodyTreco [em referência à Body Tech], SmartFlintstones [piada com Smart Fit]. Chamem como quiser, vem e aproveita”, brinca o ex-lutador de Muay Thai e colaborador da academia Bernardo Braga.
Sem espelhos, foco na natureza
O figurino também é rústico: a maioria malha com roupa de praia. Homens costumam ficar sem camisa, alguns fazem os exercícios só de sunga????.
E os usuários de redes sociais que gostam de postar seus treinos têm que se virar: não há espelho????para tirar fotos e publicar o famoso “tá pago”.
“O seu ego fica um pouquinho esquecido, e você foca no barulho do mar. É para olhar para o céu: tem sol, lua, estrela e seja feliz”, diz Braga.Como surgiu?
Como surgiu?
A Arpex Academia funciona como uma espécie de coletivo colaborativo – cada usuário ajuda com um serviço ou doação. A proposta inicial segue intacta: democratizar o acesso ao esporte e à saúde.
“A academia surgiu de uma parceria na década de 1980 entre uma marca e a prefeitura. A União, já que o terreno era da Marinha, cedeu o terreno para a prefeitura. Em parceria com uma marca, eles colocaram alguns aparelhos aqui: barras paralelas, nada muito sofisticado, tudo bem rústico”, conta Braga.
Foi nos anos 1990 que a academia começou a ganhar ares de colaborativa. Hoje, não há qualquer relação com o poder público.
“O Abílio [Bergamini, profissional de educação física e idealizador do projeto] foi o primeiro ‘cara’ a fazer uma intervenção aqui pela comunidade no ano de 1992, revitalizando o lugar. Refazendo e reformando os aparelhos que já existiam e entrando com aparelhos novos. Ele também fez uma horta no terreno aqui em cima. A intenção dele era democratizar o acesso ao esporte e a saúde”, completou Braga.
Não há restrição de idade e o exercício pode ser feito no horário mais conveniente para o frequentador. Manoel Freitas, por exemplo, tem 83 anos e frequenta a Arpex Academia há mais de duas décadas.